Devido a grande controvérsia sobre o assusto 'amplificadores de guitarra', resolvi fazer um comentário baseado na minha experiência como músico e técnico em eletrônica.
O sonho de praticamente todo guitarrista é ter um ampli valvulado, mas nem todos podem comprar pois o projeto desse amplificador é muito caro devido as próprias válvulas e os transformadores contidos nele. Sendo assim, sobra duas alternativas para os menos afortunados; os amplis transistorizados e os híbridos (Pré transistorizado + 1 válvula, e potência transistorizada). Mas o que muitos ignoram, é que muito deve ser analisado antes de se escolher qual tipo de amplificador comprar.
Creio que vocês conhecem como são as válvulas e os transistores, então não vou entrar em especificações técnicas. Segue abaixo uma comparação entre os dois componentes:
*A saturação das válvulas distorcem (ceifam as ondas sonoras), mais evidentemente em harmônicos pares, enquanto os transistores distorcem em harmônicos irregulares ou ímpares. Ou seja, a distorção das válvulas é mais agradável ao ouvido humano, pois os harmônicos pares são musicais, ao contrário da distorção dos transistores que dão uma sensação de bagunça sonora e tende a ser "pesada para o ouvido". E por esse motivo, amplificadores de áudio quando valvulados dão a sensação de ter volume maior que os transistorizados (isso quando trabalhando em saturação);
*Válvulas por natureza tem resposta em frequência melhor que os transistores (estou me referindo a alta frequência), mas hoje em dia há modelos de transistores com capacidades equivalentes;
*Válvulas necessitam de transformadores de acoplagem para "casar" impedâncias, principalmente no circuito de potência para os falantes. Isso acaba por encarecer o projeto ao contrário do transistores que não necessitam disso;
*Válvulas precisam de alta-tensão para funcionar, transistores não (pelo menos na maioria das aplicações...).
*Válvulas trabalham muito quentes, dependendo podem chegar a 500º C em certos circuitos de potência, já os transistores se muito, trabalham de 80º C à 150º C em condições especificas;
*Válvulas necessitam de um espaço maior no circuito, também incluindo o espaço dos trafos e para ventilação. Os transistores são bem menores e só necessitam de um dissipador de calor na maioria das vezes.
Levando em consideração as informações acima, as válvulas são melhores que os transistores quando se trata de TRANSMISSÃO (RF) e POTÊNCIA SONORA (desconsiderando a qualidade do áudio, ou seja, quando o sinal está distorcido). Mas mesmo assim, esses projetos são mais viáveis$$ quando utilizado transistores.
O que cada guitarrista deve ter em mente quando for adquirir qualquer ampli, é basicamente como ele gosta de "timbrar"o seu som. As dicas que posso dar para ajudar são as seguintes:
Amplificador híbrido com somente o pré valvulado é besteira, é somente uma forma de vender gato por lebre pela construção ser mais barata... O que garante o timbre "quente" de um ampli valvulado é a saturação da potência e não a do pré. Um exemplo de ampli híbrido ótimo, é o JCM 900 da Marshall, seu pré é montado com amp-op's juntos com as válvulas, e sua potência é totalmente valvulada. Esse ampli é um dos mais versáteis, dá para tirar um som desde um blues até um thrash metal.
A Meteoro tinha em linha um ampli só com a potência valvulada sem conter pré, era uma boa saída para quem gosta de usar pedais, pré transistorizado e módulos digitais.
Amplificadores transistorizados tem o som limpo muito bom, a comparação com os valvulados geralmente é questão de gosto de cada um (Citam a "compressão" que a válvula causa no sinal, mas isso é uma característica própria dela devido ao alto volume do ampli, transformador de saída e etc... Sem mencionar os harmônicos que ela acresce ao som mesmo limpo, caracteristica por ela trabalhar de forma ressonante...).
Enquanto a distorção, com o passar do tempo a qualidade e diversificação melhorou muito, principalmente para quem gosta de distorção pesada. E para quem gosta de utilizar pedais e multi-efeitos, aconselho sem erro a compra de um transistorizado.
Amplificadores valvulados geralmente são específicos, tem um ótimo som limpo e uma distorção encorpada, mas não conseguem agradar os guitarristas mais versáteis ou de 'metal' por não chegarem a uma distorção "ultra-pesada" puramente, nesse caso, precisam de um "empurrão" de algum pedal de efeito. Eu particularmente acho desperdício comprar um ampli valvulado e acabar usando um pedal de distorção para ter mais ganho. Há guitarristas que gostam, por exemplo cito Steve Vai e Joe Satriani, que usam um distortion da BOSS junto com seus amplis valvulados.
"Empurrar" o ampli com um booster ou tube-scream/overdrive é aceitável, mas se você for daqueles que só usa metalzone ou distorções do tipo, estará matando o timbre do ampli, e sinceramente, quem faz isso jogou dinheiro fora ao comprá-lo...
Quem quer mesmo ter um ampli valvulado, e é um guitarrista de "muitos timbres", procure um ampli de canal triplo, ou com função de alto-ganho ou booster, isso ajudará e muito na sua satisfação, só não irá ajudar muito no bolso.
sábado, 8 de março de 2014
quarta-feira, 5 de março de 2014
Amplificador Peavey Envoy 110 série Transtube (Update)
Foto tirada antes da revisão, reparem que o courvin está com o aspecto sujo devido ao acumulo de poeira.
"Selo" da patente da tecnologia 'transtube'. Logo abaixo farei um comentário sobre ela.
Vista traseira. Esse ampli tem quase 20 anos, tanto que o adesivo do blue marvel descolou...
Etiqueta com o número de série.
Vista dos componentes eletrônicos.
Vista das trilhas da placa.
Vejam que a versão do circuito eletrônico é de 1994, abaixo o número de série da placa.
Esse é o circuito de saída do amplificador. Potência máxima de 40Watts usando a configuração classe B
Do lado esquerdo da placa está o pré responsável pelo canal clean.
E do lado direito está o pré responsável pelo canal lead e a fonte. Reparem no relê que aciona o canal.
(26/08/18) Antes eu imaginava que uma das características responsáveis pela Tecnologia TRANSTUBE tinha a ver com esse 4560 da foto abaixo, e o esquema que tinha não era dessa versão do amplificador (antes de 94...), e que me induziu mais ainda ao erro. Mas na verdade, o segredo dessa "tecnologia", está em simular uma distorção característica de uma potência valvulada em classe B, usando pares de amplificadores (transistorizados) em classe B na saída, polarizando o circuito de forma a deslocar os níveis de entrada e de saída, isso somado a elementos de corte do sinal também na entrada e na saída quando o mesmo é incitado com "alto nível" de sinal na entrada. Basicamente a ideia é criar uma polarização excessiva do amplificador, de forma a imitar o crossover das válvulas em classe B e com isso obtendo um clipping característico desse tipo de amplificação.
Para mais detalhes, leiam a patent US5524055
Falante Blue Marvel de 10", limpo do pó encrostado de anos...
Vejam que naquela época os falantes já eram fabricados em Taiwan...
O tanque de reverb estava com algumas marcas de oxidação. Lubrifiquei com óleo singer para evitar a corrosão.
Entrada e saída de sinal.
Circuito responsável pela reverberação, o sinal entra no primeiro indutor, esse causa a vibração das duas molas paralelas que estão suspensas, e por ultimo o segundo indutor capta a vibração das molas e envia o sinal de 'reverb' para o ultimo estágio do pré.
Além da limpeza geral, passei graxa de silicone preta no courvin, isso deu um aspecto de novo ao ampli.
Devido ao desgaste, além da limpeza dos controles, tive que trocar o potenciômetro do High do canal lead.
Revisão finalizada, esse é o aspecto do ampli agora.
Assistência Técnica de amplificador combo.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
O mutante perdido - Maverick MVK-150
Esses dias andei pesquisando sobre o que aconteceu com o amplificador valvulado Maverick MVK-150. Esse ampli foi lançado depois que a Selenium comprou a Warm Music, e passou a usar tanto 'Warm Music' para amplificadores combos de 15W, e 'Maverick' para combos com potências de 20W e 30W, além do Head valvulado com caixas de 4 falantes.
Uma coisa que me surpreendeu, foi que o MVK-150 é uma versão melhorada do HK-100 da George Tube. A George Tube fabricava amplificadores HandMade no estado do Espírito Santo, e alguns dizem que o responsável pelos projetos dos amplis, trabalha agora na Selenium depois que a George Tube encerrou às atividades.
Há um site em espanhol com o mesmo nome, e também fabricam amplificadores. O site é esse: http://www.georgetubeamps.com, mas não sei se há alguma relação com a George Tube que funcionava no Espírito Santo...
O amplificador George Tube HK-100 Dual Drive usava 5 válvulas 12AX7 no pré, e 4 válvulas 6L6 na potência chegando a 100Wrms.
Manual do usuário do Maverick MVK-150: Aqui
Em 2010 o grupo Harman (AKG, Crown, DBX, Digitech, etc...) comprou a Selenium, e com isso todas as patentes dos amplis da Selenium ficaram com a Digitech.
George Tube HK-100
Uma coisa que me surpreendeu, foi que o MVK-150 é uma versão melhorada do HK-100 da George Tube. A George Tube fabricava amplificadores HandMade no estado do Espírito Santo, e alguns dizem que o responsável pelos projetos dos amplis, trabalha agora na Selenium depois que a George Tube encerrou às atividades.
Há um site em espanhol com o mesmo nome, e também fabricam amplificadores. O site é esse: http://www.georgetubeamps.com, mas não sei se há alguma relação com a George Tube que funcionava no Espírito Santo...
O amplificador George Tube HK-100 Dual Drive usava 5 válvulas 12AX7 no pré, e 4 válvulas 6L6 na potência chegando a 100Wrms.
Foto do Cabeçote do HK-100 da George Tube
Já a versão da Selenium usa a mesma configuração no pré, só que mudando as válvulas da potência 6L6 por KT88. Essas válvulas trabalhando em pares, e em condições especificas chegam até 150Wrms, que é o caso do Maverick MVK-150.
George Tube HK-100 com seu gabinete.
Maverick MVK-150 cabeçote e gabinete com 4 falantes de 12" Selenium
Manual do usuário do Maverick MVK-150: Aqui
Em 2010 o grupo Harman (AKG, Crown, DBX, Digitech, etc...) comprou a Selenium, e com isso todas as patentes dos amplis da Selenium ficaram com a Digitech.
Digitech TH-150, a única mudança que fizeram foi trocar o nome e deixa-lo preto...
Em 2011 o TH-150 foi lançado, mas não chegou ao mercado brasileiro... Nos EUA chegou a custar em média $2400 o cabeçote, um preço elevado que acabou por queima-lo no mercado, obrigando a Digitech a tirá-lo de linha, só permanecendo a linha combo.
Hoje em dia não se encontra mais nenhum dos três para venda, e quem os tem, dificilmente irá se desfazer deles.
Vejam cada um deles em ação:
George Tube HK-100
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