Descrição

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Interface de Áudio M-AUDIO Fast Track Ultra

Interface de áudio M-AUDIO Fast Track Ultra que veio para conserto. O cliente usa essa interface para gravações de arranjos em seu home estúdio, e de um tempo para cá, percebeu que os 4 canais do front estavam falhando gradativamente. E além dos canais falhando, ela ainda apresentava um desligamento de forma intermitente. 

RECENTEMENTE, peguei duas outras interfaces dessa com o mesmo problema, me parece ser um problema crônico desse equipamento. Mas conversando com um dos clientes, ficou claro que a causa é por má utilização, pois o mesmo me afirmou que por descuido trocou as entradas sem desligar a alimentação phantom power. Com isso é gerado um efeito transiente que pode danificar as entradas da interface.

Foto da PCI principal.


Foto da parte inferior.


Serigrafia com o nome M-AUDIO, código da placa e revisão.


Placa onde consta o controle de volume dos fones, os leds indicativos do Power, 48V Phanton e MIDI.


Parte inferior, vejam os dois amplificadores responsáveis pelos controles de volume das saídas de fone. 


Essa aqui é a placa da fonte reguladora interna. Essa M-AUDIO vem com uma fonte externa de 5V, e também pode ser alimentada somente pela entrada USB quando ligada ao PC.


Placas com os conectores dos 4 canais front, dois XLR, e dois XLR/P10 combo.


Conserto já pronto.


Vejam os botões para seleção de canais front/rear, e os led indicadores de nível de sinal.


Controles de nível de entrada de sinal com atenuadores de 20dB; mais um controle 'Main Output', que somente opera para os canais 1 e 2; além dos controles de volume e entradas para fones.


Painel traseiro.


No canto esquerdo há o botão de power, a entrada para a fonte externa, e a chave para o 48V Phantom (Essa função é usada para alimentar a entrada principalmente de microfones condensadores, pois precisam dessa alimentação para funcionar). No meio estão 6 saídas para periféricos, e uma entrada USB 2.0.


Depois temos saída e entrada para dispositivos MIDI, entrada e saída para dispositivos de áudio digitais; 6 entradas, sendo 4 selecionadas pelo front/rear do painel frontal; e duas conexões 'Inserts', que são especificadas para inserir efeitos externos ao sinal antes do processamento. 


Etiquetas situadas na parte inferior.


Excelente equipamento, bela saída para quem necessita de um dispositivo portátil, versátil e de qualidade.


Assistência Técnica de interface de áudio.

domingo, 18 de setembro de 2016

Amplificador Meteoro MW250 Proline Bass

Finalmente arranjei um tempinho para fazer mais esse post para o blog.
Hoje mostro os detalhes do conserto feito em um Meteoro MW250 Proline.

 Esse equipamento ligava, porém estava mudo. O cliente me informou que ele parou durante um show, onde estava por volta de duas horas ligado no talo.

 Ao abrir o equipamento já me deparo com o perigo, vejam como os jacks de saída estão próximos do dissipador do amplificador de saída. Não sei se o pessoal da Meteoro é corajoso, ou outra coisa... 


O problema do equipamento encontrava-se no pré-amplificador, onde as alimentações de placa e filamento das válvulas estavam abertas, fora algumas "recondicionadas" de solda e contatos que tive que refazer, pois a placa já tinha sido mexida por pessoal, digamos, sem experiência.
Outra coisa que acontecia nesse pré, é que o antigo dono (que tocava heavy metal), fez uma modificação para "saturar mais fácil as válvulas", e assim conseguir um nível mais alto de distorção. Claro que tive que corrigir isso também, pois o dono atual toca reggae. 

 Fonte de alimentação (placa situada no meio da foto). Esse equipamento conta com um circuito de seleção automática de tensão de rede. 


 Trafo.


 Amplificador de saída.


 E finalmente o pré.


Detalhe para a trafo e os capacitores a esquerda da foto, essa é a fonte dedicada a alimentação das placas das válvulas.


Válvulas montadas com blindagem.


Blindagem retirada.


Válvula 12AX7WA da "Sovtek"... Todo mundo sabe que essa e outras marcas são feita na china pelo mesmo fabricante da Shuguang. O que temos que ficar espertos é somente na última letra, pois é por ela que saberemos as especificações.


Amplificador montado e pronto para outra.


Bem pensada essas saídas de ar para o resfriamento das válvulas.


Como está no painel, o marketing desse equipamento está em cima do fato do pré ser um amplificador classe A valvulado. Eu nunca vi um pré-amplificador valvulado usar outra configuração que não seja a classe A. A Meteoro só pode estar de brincadeira... 


Adesivo da banda Nyahbinghi Bothers.


Apesar do anunciado 250Wrms, esse ampli tem o rendimento de 220Wrms, e acima disso, o sinal começa a clipar... 


Painel traseiro


Vejam a potência de consumo de 480W. Pela especificação dos fusíveis usados, esse equipamento deve consumir 1/4 dessa potência a mais... 


Vejam que há duas saídas para caixas de 8 ohms cada, somando 4 ohms; send e return, e saída de linha e o cooler para ventilação forçada.


Assistência Técnica de amplificador para contrabaixo.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Ruído rosa e ruído branco

Há um tempo fiz a manutenção de um antigo gerador de sinal senoidal aleatório da Bruel & Kjaer. Além de gerador de senoide e banda estreita, esse instrumento também tem as funções de ruído rosa e branco. Essas funções são muito usadas para ensaios de acústica, e para análise de vibrações de um determinado sistema.

Bruel & Kjaer type 1027, fabricação por volta de 1980. 



Pegando o gancho, resolvi fazer um vídeo para cada ruído sendo verificado no osciloscópio.


Ruído rosa

Basicamente o ruído rosa é caracterizado por uma constante banda de frequência oitavada, decaindo o sinal em 3dB a cada oitava. Reparem que no meio da tela do osciloscópio está a "frequência" de referência (podemos até chamá-la de fundamental desse sinal), que se mantêm constante (gatilhada pela amostragem do osciloscópio), enquanto as demais são mostradas em batimento pela frequência de varredura horizontal do scope. 'Deixo bem claro aqui que na verdade o osciloscópio mostra o período referente a frequência medida. Estou especificando como "frequência", somente para facilitar o entendimento.'
No decorrer do vídeo, fico alterando a amostragem da varredura para demostrar melhor as características do sinal. Nesse caso, usei 1,2kHz como referência para gerar o ruído. 


Ruído branco

O ruído branco é resultado da combinação de todas as frequências cromáticas (em teoria, pois na prática é impossível gerá-lo sem usar um banda específica), por isso ele é chamado de ruído branco, em alusão a luz branca.
 Também usei 1,2kHz como referência para gerar esse sinal e fui alternando a amostragem do scope. Vejam que ele se comporta parecido com o ruído rosa, só que a gama de "frequências" mostrada pelo osciloscópio é bem maior e com amplitude intensa.


Abaixo segue a gravação do áudio dos dois ruídos.
Eles são bem parecidos, mas há uma característica básica que os distinguem, o ruído branco soa um pouco mais agudo, e com isso se torna mais presente que o rosa. Um ouvido mais atento conseguirá distingui-los sem muita dificuldade.
 Nos 10 segundos finais de cada áudio, mudo a frequência de referência gerada de 1,2kHz para 12kHz.

Será que vocês conseguem distinguir qual é qual? Boa sorte!!!






segunda-feira, 2 de março de 2015

MN3005 x PT2399 - Desmistificando pedais de delay

Ultimamente vejo muitos 'fabricantes handmade' fazerem propaganda de suas peças de delay digitais, alegando que "soam" igual, ou parecido com um delay analógico. Há até aqueles que mentem dizendo que o pedal é analógico, porém quando aberto há um CI processador de eco dentro...
Falando nisso, uma dúvida que tenho é sobre o DL-103 da Giannini, alguém ai já abriu um para ver?

Bom, o componente responsável por essa recente enxurrada de delays digitais feitos a mão, é esse da foto abaixo:

Vejam no site do fabricante: www.princeton.com.tw/PT2399

Primeira página do datasheet

Em uma tradução livre, podemos ler na descrição:

"O PT2399 é um CI (circuito integrado),
processador de eco de único chip utilizando tecnologia CMOS, que aceita o sinal de entrada de áudio analógico a uma alta taxa de amostragem ADC (Conversor analógico para digital), que transfere o sinal analógico em um fluxo de bits para em seguida armazenar na RAM interna de 44Kbit, depois o processamento de fluxo de bits é de-modulado pelo DAC (Conversor digital para analógico) e por um filtro passa-baixa. O tempo de atraso total é determinado pelo relógio de frequência interno (VCO), e o usuário pode facilmente mudar a frequência de VCO alterando a resistência externa (R).
O PT2399 executa baixa distorção (THD<0,5% considerado 0,5Vrms), e baixo ruído (No<-90dBV). Característica para fins de áudio, disposição de pinos e circuito de aplicação são otimizados para um fácil layout de placa e vantagens de redução de custo."


Aqui o datasheet mostra um "fluxograma" de funcionamento:


*

Agora vamos ver o MN3005, famoso delay analógico BBD (Bucket Brigade Devices):

Tradução livre da descrição:

"O MN3005 é a primeira palavra em longo atraso BBD 4096 estágios,  8 vezes mais que os BBD 512 estágios, fabricado usando processo de baixo ruído por entrada canal-P silício.
Sinal de longo tempo de atraso, 205ms podem ser obtidos em 10kHz de frequência de relógio.  S/N (sinal/ruído) igual a 75dB. S/N foi aumentado mais de 20dB em comparação a 8 BBD 512 estágios conectados. O MN3005 é adequadamente usado para reverberações e efeitos de eco em instrumentos musicais eletrônicos como: órgão, amplificador de guitarra e sintetizador de música que necessita de um longo tempo de atraso."


Diagrama do circuito interno e algumas características:



Considerando as informações básicas acima, vou expor 'por cima' as diferenças entre os dois.


O PT2399 trabalha exatamente como descrito no datasheet, só acrescentando que há um filtro passa-baixa também na entrada do sinal. O filtro na entrada evita basicamente que algum sinal fora da faixa de frequência audível possa ser processado, e pela taxa de amostragem possa ser "confundido" com uma frequência audível e apareça na saída. O filtro na saída é para barrar algum ruído no sinal causado pela frequência de clock. Pela construção, o delay digital tende a ser mais "fiel" ao sinal de entrada dependendo da taxa de amostragem e pelos bits de processamento.
O pai do PT2399, o obsoleto PT2395 (vejam o datasheet PT2395), tem uma resolução de 10 bits nos ADC/DAC, taxa de amostragem de 25kHz (Clock), considerando que para cada 64K de DRAM (vejam a nota *), ele conseguia 0,2s (trabalha no máximo com 256K = 0,8s). Já o PT2399 com 44K de RAM consegue 0,35s (com THD 1%), posso dizer que tanto a resolução dos ADC/DAC e a taxa de amostragem foram diminuídas no PT2399, exemplo:

PT2395 - Resolução conversor AD/DA: 10bits  <>  Taxa de amostragem: 25kHz
Multiplicando fica 250kHz total de amostragem.
Considerando que o K digital é 1024 e não 1000, o total da mémoria de 64K é 65536bit.
Dividido a memória pela amostragem teremos um pouco mais de 0,2s (65536/250000=0,262s). Temos que ter em mente que o processamento nunca é feito com a memória cheia, por isso o tempo total de atraso é arredondado para 0,2s, se não haveria perda de informação e aumento na distorção em relação ao sinal de entrada, e no caso, a distorção total especificada é 0,4%.

Como o PT2399 diz que consegue um atraso de 347ms, posso crer que a resolução dos conversores é 8bit, e a taxa de amostragem é 16kHz, resultando em uma amostragem total de 128kHz.
Fazendo o calculo da memória 44K (45056bit), dividida pela amostragem: (45056/128000=0,352s), temos os 0,35s.
Obs: Os valores da resolução e taxa de amostragem foram deduzidos por mim, já que o fabricante não os especifica no datasheet, mas pelo cálculo é bem possível que estejam próximos.

*NOTA: DRAM é uma memória dinâmica, a retenção de dados é feita por capacitores (esse processo lembra o do MN3005) , os processadores que as usava são mais simples, pois não precisavam apagar os dados da memória antes de gravar novos. Podia-se até fazer ligações em paralelo de várias DRAM (claro que respeitando o limite desse tipo de processador, que geralmente é de 256K), para obter mais tempo de atraso.
Porém, as DRAM estão obsoletas, e é por esse motivo que os processadores; RDD63H101 usado no DD-2 da BOSS, M50195P, PT2395 e HT8955A entre outros, caíram em desuso...

Para quem tiver interesse, há um distribuidor no bairro do Belém que está cheio do HT8955A no estoque, o problema é achar as DRAM para montar o circuito... Datasheet HT8955A.


PT2395 mais sua DRAM 256K, usados em um Danelectro DJ-17 PB&J Delay (Total de 800ms).


*



Já o MN3005 como o próprio nome diz, Bucket Brigade Devices ("Dispositivo de brigada de baldes"), como visto no diagrama de circuito, o sinal passa de um transistor para outro, e para cada um há um capacitor que retêm o sinal para cada estágio (no caso do MN3005 são 4096 estágios), e é o clock que determina quando a carga retida num estágio passa para o posterior. E esse é o segredo, quanto mais estágios o sinal tiver que passar, maior será o tempo de atraso, claro que isso também depende do clock que fará o controle desse tempo.
Por sua construção, o MN3005 pode trabalhar direto com o sinal puro sem precisar fazer alguma conversão, como os digitais que usam o ADC (entrada) e DAC (saída), porém é óbvio que no meio do caminho, o sinal de alguma forma é alterado, e isso aumenta se o tempo de atraso for maior, tanto que a relação de THD e ruído do MN3005 é um pouquinho pior se compararmos aos delays digitais, e justamente esse é o 'charme' que faz muita gente mesmo hoje em dia buscar um efeito assim, mesmo com tantos módulos de eco com resoluções altíssimas e fieis ao sinal de entrada.

Outra característica, é que os circuitos de filtros passa-baixa não são internos aos BBD's , e precisam ser incluídos no projeto do efeito também pelos motivos listados no PT-2399.
Outro recurso que era usado junto ao circuito de atrasos BBD's, é o 'CI Compandor' (Basicamente um circuito integrado que tem a função de comprimir o sinal para o BBD, e de expandir o sinal de saída do BBD). Um exemplo desse CI é o SA571 Datasheet.
Usando o 'compandor', é possível atenuar o sinal para que o BBD possa trabalhar com uma relação de THD menor, e com isso conseguir estender um pouco mais o tempo de atraso (A exemplo do DM-2 e 3 que com um único MN3005/MN3205 conseguiam 300ms de atraso).
Os primeiros delays digitais também usavam o 'compandor', a exemplo do DD-2 BOSS, mas seu uso era desnecessário pelo fato do modo com que o sinal era trabalhado pelo processador.

Obs: O MN3205 é a versão que funciona com canal-N e tem especificações melhoradas (Usado no DM-3 da BOSS) .

Podemos ver o "gerador de atraso" MN3005, o MN3101 que controla o clock para o BBD, e o compandor SA571 logo abaixo na foto.

Conclusão:

Agora vamos analisar, se o PT2399 consegue produzir o som "parecido" com o MN3005 mesmo processando o sinal de forma totalmente diferente, por que o PT2395 que tinha as especificações melhores não pegou essa fama?
A única resposta plausível, é justamente o fato do PT2399 não conseguir reproduzir o sinal de saída o mais próximo de como ele entrou... Ou seja, ele consegue parecer com um MN3005 porque é um processador de eco simples e com especificações, digamos, ruins em comparação a outros processadores, por isso ele é um componente "barato", fizeram até a memória internamente para diminuir custos...

O PT2399 pode ser uma saída para quem não consegue tem um delay BBD, porém o fato dele ter essa característica não quer dizer que ele é um substituto, pelo contrário, é usar um gato em vez de cão para a caça, quem teve, ou já escutou um delay BBD sabe do que estou falando. O som é incomparável, é como o som de um piano bem temperado em relação ao som seco de um teclado, talvez é por essa razão que esse componente é único, pois é pela "imperfeição" que os nossos ouvidos se atraem, e não pela simetria de um sinal matematicamente montado por um processador.

* Mais uma observação.

Há um 'fabricante handmade' que fez um tap delay digital, provavelmente usando dois PT2399 e um microcontrolador para fazer o controle do clock na função tap. Não estou aqui para falar mal, pelo contrário, o cara trabalha muito bem, e quando produz alguma peça que é 'réplica', faz o certo que é dizer qual o modelo copiado ou usado como base para a construção, diferente de outros handmades por ai...
Porém, o ponto onde quero chegar é o seguinte; ele diz que é o primeiro delay tap tempo handmade brasileiro, mas é óbvio, pois um projeto desse não compensa. Vou explicar:

Não querendo queimar o trabalhão que o cara teve para fazer o pedal, mas já queimando, vamos fazer a seguinte comparação; todo mundo gosta do famoso DD-3 da BOSS, e ele não tem fama de parecer com um analógico, não é mesmo? Se compararmos o tap delay do cara, que deve ser de uns 600ms, com outro tap delay, por exemplo o DGD-2 da Onerr, teremos a mesma faixa de preço $$, só que o da Onerr é tap, hold e vai até 1250ms de atraso com uma resolução de 24bits, enquanto o PT2399 que o cara usou tem uns 8bits... Qual é o mais em conta???

Eu tinha vontade de fazer um projeto próprio de um digital delay, mas de tanto pesquisar, e ver que o Brasil não é o melhor lugar para fazer isso, desisti... Resolvi passar para os delays BBD's, pois são difíceis de achar, apesar que a BOSS relançou o DM-2 com DM-2W, e acabei desistindo novamente, pois pelo preço que ia ficar, ninguém em sã consciência iria comprar...

Conseguiram entender o por quê de ser tão complicado fabricar eletrônicos em casa para vender aqui no Brasil?